Monitoramento pós soltura da lontra Blackie no Pantanal

por Giant Otter Conservation Fund (Projeto Ariranhas)

Pantanal

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Proteção de espécies

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14 - Vida na água

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--> Desafio:

O agravamento das alterações climáticas e seu efeito no regime hídrico do Pantanal, tem prolongado o período de seca e afetado diretamente a biodiversidade deste bioma, especialmente espécies semiaquáticas. Em outubro de 2021, um filhote de lontra neotropical com menos de um mês de vida foi encontrado sozinho próximo a um hotel na região do Passo do Lontra (19°34.5311'S, 57° 2.1465'O), no Pantanal de Miranda, às margens do Rio Miranda. Após várias tentativas de reintegração do animal, a mãe não foi encontrada e o filhote, denominado “Blackie”, foi resgatado e desde então está sob os cuidados de uma equipe multidisciplinar de biólogos e veterinários em um recinto de pré-soltura, construído especialmente para permitir a reabilitação desse indivíduo. Considerando que trabalhos de reabilitação e reintrodução de lontras neotropicais na natureza são escassos e ainda inexistentes no Pantanal, essa experiência pode embasar protocolos de manejo dessa e de outras espécies relacionadas, incluindo ariranhas, e fortalecer ações futuras de conservação. 

Desta maneira, tendo como objetivo primordial a reintegração da “Blackie” na natureza, essa ação promoverá o aumento do conhecimento sobre a espécie, a promoção de campanhas de sensibilização aumentando o engajamento das comunidades locais em ações de conservação da espécie, além do desenvolvimento de protocolos de manejo, reabilitação, soltura e monitoramento de lontra neotropical e espécies relacionadas no Pantanal. 

 

--> Solução:

A reabilitação da “Blackie” está sendo realizada em um recinto de 400 m² (20x20m) com um lago de 14x4m, que são as dimensões e características ideais para uma reabilitação adequada segundo a IUCN. A manutenção diária da Blackie envolve alimentação, higiene do recinto e monitoramento comportamental. Todos os procedimentos de manejo da Blackie são realizados com cuidado e profissionalismo, a fim de evitar o imprinting e garantir o sucesso de reabilitação e sua reintegração ao ambiente natural no futuro próximo. A soltura será realizada após Blackie completar um ano de vida e a avaliação sanitária e comportamental estarem de acordo. Blackie será marcada com um transmissor VHF, que será implantado na região peritoneal, conforme protocolos já utilizados em lutríneos e será liberada na região onde foi resgatada, no Rio Miranda, localidade do Passo do Lontra, no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul. Após a soltura, Blackie será monitorada com rádio telemetria durante o tempo de duração de vida do transmissor (a bateria do modelo M1215, Advanced Telemetry System, Isanti, Minnesota, USA, dura aproximadamente 362 dias), para avaliar o seu sucesso de volta à natureza. Blackie será rastreada de barco ou por terra durante o período diurno, com o uso de um receptor digital VHF e uma antena de mão Yagi de três elementos, usando o método de homing in para obtenção das localizações, que consiste em seguir o animal monitorado, através do sinal do transmissor, até seu avistamento ou até o sinal do rádio transmissor ser captado com a antena desconectada do receptor, indicando a proximidade do animal. Quando localizada, a lontra será acompanhada o mais discretamente possível, mantendo uma distância segura, para não interferir no seu comportamento. Para registro das localizações será utilizado um GPS (Garmin Etrex), com base em referências geográficas (coordenadas da projeção Universal Transversa de Mercator - UTM). Em cada localização será registrada data e hora, bem como o comportamento do animal. Observações adicionais serão realizadas com auxílio de binóculos. Os padrões de movimentação, atividade e comportamento serão analisados a partir dos dados coletados durante o monitoramento. Paralelamente à soltura e ao monitoramento, serão realizadas campanhas educativas com a comunidade local, a fim de promover a sua sensibilização e engajamento em ações de conservação da espécie e da biodiversidade local.

 

--> Como os recursos serão utilizados:

1. Manutenção e reabilitação em cativeiro durante 6 meses (compra de peixes, energia elétrica para funcionamento das bombas do lago, manutenção do recinto): R$ 6.000

 

2. Aquisição de equipamentos de rádio telemetria para o monitoramento pós-soltura (rádio receptor, antena, transmissor e cabo): R$ 15.000